As Testemunhas de Jeová e o nome de Deus

“Para que as pessoas saibam que tu, cujo nome é Jeová [יהוה], Somente tu és o Altíssimo sobre toda a terra”.

- Samo 83:18

Quando se pergunta a uma Testemunha de Jeová “Qual é o nome de Deus?” A resposta automática e óbvia na visão de muitas é: “Jeová”. Este é um dos ensinos mais elementares amplamente divulgado pela Torre de Vigia. Um claro exemplo disto é o fato de que a passagem bíblica acima é um dos primeiros versículos bíblicos que um estudante da Bíblia aprende quando está se preparando para participar do ministério de pregação juntamente com outras Testemunhas.

As Testemunhas de Jeová em geral não tem a mínima sombra de dúvida da veracidade desde ensino, que não é questão trivial na visão do corpo governante, uma vez que o livro usado atualmente para dirigir estudos bíblicos pelas Testemunhas, intitulado “O que a Bíblia realmente ensina”, no capítulo 15, contém uma consideração de “Como identificar a religião verdadeira”. A página 148, parágrafo 8, declara: “Os que praticam a religião verdadeira adoram apenas a Jeová e divulgam seu nome”. Também a revista A Sentinela, de 01 de agosto de 2011, declara: “A religião verdadeira honra o nome de Deus, Jeová. Jesus tornou conhecido o nome de Deus. Ele ajudou pessoas a conhecer a Deus e as ensinou a orar para que o nome de Deus fosse santificado. (Mateus 6:9) Onde você mora, que religião incentiva o uso do nome de Deus?” Ainda o livro Poderá viver para sempre no paraíso na Terra (que por longos anos foi a publicação usada para dirigir estudos bíblicos) no capítulo 22, página 184, mostra os requisitos para “Identificação da religião verdadeira” e o primeiro ponto da lista, segundo eles é a “Santificação do nome de Deus”.

As Testemunhas de Jeová são levadas a crer que nas nossas orações pessoais a Deus é imprescindível o uso do nome Jeová. A revista A Sentinela, de 15 de janeiro de 1971, na página 61 declarou: “Jesus sabia que “Jeová” é um nome muito importante. Por isso ensinou aos seus seguidores a usar o nome de Deus. Ensinou-os até mesmo a falar sobre o nome de Deus nas suas orações. Jesus sabia que Deus deseja que todos conheçam seu nome Jeová”. Também a Revista Despertai!, de 22 de janeiro, na página 22, disse: “Que relacionamento maravilhoso Jeová Deus tem com aqueles que o conhecem por nome! Você também poderá ter um relacionamento como esse. Em suas orações sinceras, nunca hesite em usar o nome dele. Ele responderá porque, como diz a Bíblia, ‘ele não está longe de cada um de nós’. — Atos 17:27”.

É ensinado às Testemunhas de Jeová que usar ou não o nome de Deus (Jeová) é uma questão de vida ou morte, pois implica na salvação eterna. A revista A Sentinela, de 1º de novembro de 2008, declarou na página 28: “Jesus sabia que o nome pessoal de Deus, Jeová, era muito importante para o seu Pai. Ele orou para que o nome de seu Pai fosse “santificado”. (Mateus 6:9) Santificar o nome de Deus inclui conhecer esse nome e tratá-lo como importante e santo. Assim como Jesus, os que procuram a salvação precisam usar o nome de Deus. Eles também precisam ensinar outros a respeito do nome e das qualidades de Deus. (Mateus 28:19, 20) Na verdade, apenas os que invocam o nome de Deus serão salvos”.

Devido à seriedade dada pelo Corpo Governante ao assunto, faremos bem em perguntar: “Jeová” é realmente o nome de Deus? Para que nossas orações sejam ouvidas por Deus, ele exige que o chamemos de Jeová?

Em relação à primeira pergunta, o enciclopédia Estudo Perspicaz das Escrituras, publicada e produzida pelas próprias Testemunhas de Jeová diz na página 493, volume 2 que ““Jeová” é a pronúncia mais conhecida do nome divino, em português, embora a maioria dos hebraístas seja a favor de “Javé” (ou “Iahweh”).” Somos informados ainda que em hebraico o nome de Deus possuía apenas consoantes (יהוה), escritas da direita para a esquerda, que “podem ser transliteradas em português como YHWH (IHVH, ou JHVH).”

E as vogais? A mesma obra de referência responde: Sinais vocálicos só vieram a ser utilizados no hebraico na segunda metade do primeiro milênio EC. (Veja HEBRAICO [Alfabeto e Escrita Hebraicos].) Além disso, devido a uma superstição religiosa que teve início séculos antes, os sinais vocálicos encontrados em manuscritos hebraicos não nos fornecem a chave para determinar que vogais devem aparecer no nome divino...Na segunda metade do primeiro milênio EC, peritos judeus introduziram um sistema de sinais para representar as vogais ausentes no texto consonantal hebraico. Com referência ao nome de Deus, em vez de inserir os sinais vocálicos corretos dele, colocaram outros sinais vocálicos para lembrar ao leitor que ele devia dizer ʼAdho•naí (que significa “Soberano Senhor”) ou ʼElo•hím (que significa “Deus”).” (páginas 493 e 495). Assim as consoantes do tetragrama da esquerda para a direita com as vogais de Adho•naí, deu origem a palavra Jeová em português. Mas como a obra deixa bastante claro, os sinais vocálicos não eram os sinais corretos.

A Brochara O nome divino que durará para sempre (também publicada pelas Testemunhas de Jeová), no subtítulo: Como é pronunciado o nome de Deus. Diz na página 7: "A verdade é que ninguém sabe com certeza como o nome de Deus era pronunciado originalmente... Portanto, é evidente que a pronúncia original do nome de Deus não mais é conhecida... O livro poderá viver para sempre no paraíso na Terra, na página 43, parágrafo 11 diz: "Portanto, o problema hoje é que não temos meios de saber exatamente que vogais os hebreus usavam junto com as letras YHVH".

O Prefácio da obra Kingdom Interliniar Translation (em Inglês) produzida pela Torre de vigia mostra de forma clara que a pronúncia “Jeová” é tradicional, originária de transliteração incorreta do Tetagrama IHVH desde o século XIV, e que Yaheh (Javé em português) é a versão mais correta. Mesmo assim, a Torre de Vigia impõe sobre as Testemunhas que elas devem usar e proclamar o nome de Deus, "Jeová", em toda a Terra habitada. Assim fazendo, as Testemunhas acreditam estar restaurando o nome que foi esquecido durante séculos.  Mas pensemos um pouco, que “nome divino” as Testemunhas estão restaurando, se suas publicações admitem que na verdade elas empenham em divulgar um nome inexato? Já que reconhecem que a pronúncia melhor é outra, e acreditam possuir a “verdade”, não seria mais coerente concentrar esforços em prol de corrigir o que não é exato, assim como preferem não seguir o costume geral em relação ao uso da palavra "cruz", insistindo em usar "madeiro" ou "estaca" por ensinarem ser termos mais exatos?  Um Deus de justiça não admite o uso de dois pesos e duas medidas. Esse princípio está expresso em Levítico 19:36, onde tsé·dheq ( “direiteza”, “retidão”, indicando um padrão ou norma que determina o que é reto) é usado quatro vezes:  “Deveis mostrar ter balanças exatas [“justas”, Al; BJ; CBC], pesos exatos, um efa exato e um him exato.”

Em relação à segunda pergunta, a Bíblia é bem clara em mostrar que Jesus diversas vezes fez fazia orações ao Pai Celestial. Vejamos em algumas passagens como ele se dirigiu a Deus em suas orações:

"Pai, glorifica o teu nome”. (João 12:28). "Naquela ocasião, Jesus disse, em resposta: 'Eu te louvo publicamente, ó Pai, Senhor do céu e da terra, por que escondeste estas coisas dos sábios e dos intelectuais, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque fazer assim veio a ser o modo aprovado por ti'." (Mateus 11: 25,26).

"Pai meu, se for possível, deixa que este copo se afaste de mim. Contudo, não como eu quero, mas como tu queres... Novamente, pela segunda vez, afastou-se e orou, dizendo: "Pai meu, se não é possível que isto se afaste de mim sem que eu o beba, realize-se a tua vontade." (Mateus 26:39,42).

As orações de Jesus deixaram de ser respondidas por Deus por ele não ter usado o nome de Jeová, mas em todos os exemplos acima, ter dirigido a Deus, chamando-o de pai? De Forma alguma. Vemos isso claramente em João 12:28, onde Jesus ora: "Pai, glorifica o teu nome”, e imediatamente sua oração é respondida. O texto prossegue dizendo que “Saiu, portanto, uma voz do céu: “Eu tanto [o] glorifiquei como [o] glorificarei de novo.””.

Até mesmo na oração modelo, Jesus chama a Deus de Pai, ensinando a orar: "Portanto, tendes de orar do seguinte modo: 'Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome'." (Mateus 6:9). A Torre de Vigia é enfática no fato de Jesus ter falado sobre santificar o nome de Deus. No entanto, é preciso notar que “na Bíblia a atribuição do nome estava relacionada à expectativa dos pais, a algum fato ocorrido durante a gravidez, ao momento do parto, ou à esperança que ele representava.” (Fonte: http://nomes-biblicos.blogspot.com.br).

Em Atos 15:14, referente aos cristãos do primeiro século da nossa era cristã, diz: “Simeão tem relatado cabalmente como Deus, pela primeira vez, voltou a sua atenção para as nações, a fim de tirar delas um povo para o seu nome. Não existe nenhum registro histórico de que eles tivessem um nome distintivo contendo a palavra Jeová, mas eram um povo para o nome de Deus no sentido de representarem a pessoa por trás do nome, eram representantes divinos tanto por suas palavras como por suas ações.

Se recorremos ao dicionário, perceberemos que santificar envolve basicamente separar de tudo o que é comum e profano, estimar, prezar, honrar, reverenciar e adorar como divino e infinitamente abençoado. Na oração modelo, a ênfase de Jesus não está em separar uma designação específica para Deus, e sim, em nossa atitude para com a natureza e a pessoa de Deus. A pessoa de Deus não pode se limitar a um determinado nome. O que realmente é importante é a pessoa por trás do nome.

Este princípio é reconhecido na revista A Sentinela 1º de fevereiro de 2009, na página 15, debaixo do subtítulo “Seu nome é importante”: “Não temos como escolher o nosso nome quando nascemos. Mas a reputação que teremos só depende de nós. (Provérbios 20:11) Por que não se pergunta: ‘Se Jesus ou os apóstolos tivessem a oportunidade, que nome eles escolheriam para mim? Que nome seria apropriado para descrever minha principal qualidade ou reputação?’ Essas perguntas merecem séria reflexão. Por quê? “Deve-se escolher antes um nome do que riquezas abundantes”, escreveu o sábio Rei Salomão. (Provérbios 22:1) Com certeza, se fizermos um bom nome, ou reputação, na comunidade teremos algo de grande valor. Mais importante ainda, se fizermos um bom nome perante Deus, obteremos um tesouro permanente. Como assim? Deus promete que escreverá em seu “livro de recordação” o nome dos que o temem, e lhes dará a perspectiva de vida eterna. — Malaquias 3:16; Revelação (Apocalipse) 3:5; 20:12-15.”

Assim fica claro que a insistência no uso do nome Jeová está baseada não nos alicerces seguros da Palavra de Deus, mas sim nas areias instáveis da tradição. Esta atitude foi claramente condenada por Jesus quando declarou: “E assim invalidastes a palavra de Deus por causa da vossa tradição. Hipócritas! Isaías profetizou aptamente a vosso respeito, quando disse: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está muito longe de mim. É em vão que persistem em adorar-me, porque ensinam por doutrinas os mandados de homens.’” (Mateus 15: 6 a 9).

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